Sábado, 24 Fevereiro 2024

#informaçãoSEMfiltro!

Interpelações de Abril

Convida-me o vosso jornal a escrever e partilhar uma mensagem sobre Abril. Faço-o com gosto ou não se tratasse em si mesmo esse desafio, e o exercício de uma escrita “sem amarras”, uma forma de se celebrar a Liberdade.

Uma democracia, na verdadeira aceção da palavra, precisa de uma imprensa local livre, independente, de proximidade. A construção do progresso, de comunidades mais prósperas, regiões mais desenvolvidas, beneficia de um exercício de escrutínio que, se executado de forma correta, contribui para o bem-comum.

Vale a pena, a talhe de foice, questionar se o fim integral do apoio ao envio postal de jornais locais não representou um obstáculo à sustentabilidade da imprensa regional e, por consequência, à saúde do regime. Pedir aos cidadãos que através dos seus impostos, ou da contribuição para o audiovisual, financiem uma RTP que muitas vezes se desvia do que deveria ser uma programação formativa de interesse público, e não puramente comercial, ao mesmo tempo que em todo o território a imprensa local vai lutando com dificuldades não é, com certeza, o melhor contributo para o pluralismo de opiniões e para a defesa da causa pública.

O país que temos é aquele que os portugueses sonhavam em 1974? O país que temos é aquele que poderíamos ter, caso algumas decisões estratégicas tivessem sido diferentes? O que gostariam os portugueses para as próximas décadas? Interrogações, de muitas que se colocam e que instam à reflexão.

Num estudo realizado há uns anos, os portugueses identificavam a saúde e a educação como as duas grandes conquistas de Abril. Prestes a entrar no ano que assinalará o 50º Aniversário do 25 de Abril de 1974 vale a pena um olhar sobre os tempos que vão passando. 

Se os indicadores de escolaridade da população são incomparáveis, para melhor, com os que existiam há cinco décadas, não é menos verdade que já foram menos sombrias as nuvens que pairam na educação. Podia dar vários exemplos disso mesmo, mas recupero um que já não faz parte da agenda mediática apesar de ter deixado consequências, para o presente e futuro. Com o fim dos contratos de associação, um conjunto de escolas de referência, um pouco por todo o país, deixou de poder proporcionar às crianças e jovens, independentemente da sua condição socioeconómica de base, a possibilidade de as frequentar. Defender um “elevador social” não é consentâneo com a restrição de oportunidades de acesso e liberdade de escolha a montante do ensino superior.

Também em outros setores, a contrapartida de uma carga fiscal elevada deve ser a qualidade dos serviços públicos que são assegurados com o dinheiro de todos. Quer sobre o ponto de vista de qualidade, eficácia e acesso, quer em termos de encargos, vale a pena atentar no estudo recente do Tribunal de Contas sobre a área da saúde e os resultados de Hospitais, como o de Braga. O regime democrático fica mais forte e o interesse nacional é mais bem defendido quando os preconceitos ideológicos não obrigam a que só o “Estado prestador” tenha direito a existir, mas a prestação de serviço às pessoas seja assegurada por quem consegue a melhor relação qualidade-acesso-eficiência.

Independentemente do prisma, o da saúde, o da educação, o da comunicação social, ou outro, celebrar Abril pressupõe não dar por adquiridos direitos, demanda exercê-los todos os dias e não apenas em efemérides festivas.

Já cantava Manuel Freire que “não há machado que corte a raiz ao pensamento”. Tenhamos todos a consciência, enquanto cidadãos, nos diversos papéis que cada um exerce, na família, no trabalho, na sociedade, que viver em Liberdade deve andar de mãos dadas com exercer deveres de forma responsável e dar um contributo positivo à sociedade.

Que cada um pense no que pode dar e aja, é um bom ponto de partida para não voltarmos a ter que lutar pelo que julgávamos conquistado.

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