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    “Professores a lutar também estão a ensinar”

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    Os professores do Agrupamento de Escolas António Rodrigues Sampaio manifestaram-se hoje a porta da Escola Básica de Forjães e da Escola Básica António Rodrigues Sampaio, nas Marinhas. O proteste contou com a presença do SIPE – Sindicato Independente de Professores e Educadores, integrado na greve convocada para hoje por aquela força sindical.

    Com palavras de ordem como “Professores a lutar também estão a ensinar” e “Professores em luta!”, este grupo de docentes pretende que o governo passe a olhar para os professores com o respeito que a classe merece. 

    Inicialmente programado para ser uma greve apenas ao primeiro tempo da manhã, por forma a não prejudicar os alunos e o normal funcionamento da escola, por não ser esse o objetivo, após esse período, os docentes da Escola Básica António Rodrigues Sampaio, nas Marinhas, decidiram alargar a greve ao resto do dia, convocando um plenário interno para esclarecer as conversações tidas com o governo e decidir ações futuras na luta pelas suas revindicações.

    Após avisada a direção do Agrupamento da decisão, os encarregados de educação foram informados para irem buscar os seus educandos à escola, com os professores a fazer questão de permanecer à porta da escola, enquanto os alunos abandonavam as instalações.

    Questionados sobre se esta luta não prejudicaria os alunos, foram peremptórios em afirmar que “essa leitura nem se coloca porque jamais, em tempo algum, pensamos em prejudicar os alunos. Fomos nós que demos aulas quando estávamos na pandemia. Nunca abdicamos de dar aulas. Dávamos aulas online quando o Ministério da Educação apena pedia duas a três sessões. Mas demos aulas todos os dias, sem qualquer tipo de problema. Fazíamos os trabalhos de manhã e de tarde. Trabalhamos com formulários, coisas inovadoras, e isso nunca esteve em causa. Estes professores que estão aqui, foram os mesmos que estiveram na pandemia a sustentar o ensino”, referiu ao N Semanário Otávio Meira, professor do 1º Ciclo.

    Acompanhados pelos alunos do “pós-pandemia”, Otávio Meira lembra que nunca colocaram ou colocarão em causa o desenvolvimento das crianças. “Simplesmente, a única forma de luta é a greve, que nós realmente decidimos usar, mas nunca pôr em causa a aprendizagem dos alunos. Estamos a tentar dosear a situação da greve para minimizar as tais perdas dos alunos. A greve é para resolver problemas e não para criar dificuldades aos alunos”, reforça o docente.

    Paulo Lima, docente no Agrupamento e membro do SIPE, explicou as reivindicações pelas quais estão a lutar os professores de todo o País: “as reivindicações passam, nomeadamente, por abolir as vagas de acesso ao 5º e 7º escalão que se tornam extremamente penalizadoras, porque não penaliza quem é mau profissional, penaliza isso sim, os bons profissionais. Esta medida não está a surtir efeito. É uma medida meramente economicista. Depois temos a questão das reformas, porque temos docentes neste momento em baixa médica com 60 anos, devido ao desgaste físico proporcionado pela profissão, e há que começar a equacionar a reforma para estes casos. Outra situação ainda, prende-se com os concursos em si. Nós queremos que os concursos sejam pela graduação profissional. Efetivamente, também achamos que há coisas que tem de mudar, porque se há escolas no País sem professores, então tem-se que mudar as regras. Também não podemos ser mais papistas que o Papa, não cabemos todos no mesmo sítio, como eu costumo dizer aos meus colegas. Se em Esposende já não cabe mais nenhum, então temos de ir para perto por graduação profissional. Temos de pensar, porque também somos pais e também não gostávamos que os nossos filhos estivessem numa escola sem professor até maio. Outra situação, que para mim até é das mais graves, é a questão da segurança. Os professores não podem entrar numa escola e serem agredidos, seja por alunos, seja por encarregados de educação. Nós aqui, felizmente, não temos esse problema, acho eu, em nenhuma escola do concelho. Estamos a ensinar, não podemos estar a levar. O que eu noto no sindicato, são cada vez mais os processos disciplinares aos professores por coisinhas de nada. Já quase levam processos disciplinares porque levantam a voz a um aluno, e depois nada acontece quando agridem professores”.

    O sindicalista lembrou também uma petição pública, que reuniu cerca de 4.000 assinaturas, para que a agressão a um professor fosse considerado crime público. “Não foi considerado crime público, nem é semipúblico. Inclusive, o Bloco de Esquerda, tinha uma proposta para que fossemos isentados de custas quando fossemos agredidos e ainda não passou também na Assembleia da República. Ou seja, um total desrespeito pelo professor, que nos habituamos desde pequenos a ver como uma figura que merece respeito”, referiu Paulo Lima.

    Já quanto aos números, na Escola Básica de Forjães a adesão foi de 100% dos professores que iriam iniciar o dia desta quinta-feira, ao primeiro tempo, mas que optaram por dar aulas normalmente o resto do dia.

    Já na Escola Básica António Rodrigues Sampaio, nas Marinhas, a adesão foi de 99%, uma vez que, num universo de 35 professores que estariam escalados para dar aulas de manhã, apenas um professor não aderiu à greve. A estes 34 docentes, juntaram-se muitos outros que não dariam aulas da parte da manhã, mas que se quiseram associar à luta, decidindo depois, prolongar a greve pelo resto do dia, incluindo um plenário.

    O SIPE tem marcado para a próxima segunda-feira, 9 de janeiro, um plenário concelhio no Agrupamento de Escolas Gonçalo Nunes, em Barcelos, às 10 horas, e no Agrupamento António Correia de Oliveira, em Esposende, às 15 horas.

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