Declarações após o jogo Gil Vicente-FC Porto (0-2), da 22.ª jornada da I Liga portuguesa de futebol, disputado em Barcelos:
Ricardo Soares (treinador do Gil Vicente): “Foi claramente o golo do FC Porto [que explicou a primeira parte do Gil Vicente]. Alterou-nos claramente a estratégia e criou-nos intranquilidade. A equipa demorou a entrar no jogo. O FC Porto entrou muito forte e vinha com o orgulho muito ferido. A qualidade do FC Porto foi determinante. Circulou a bola muito rapidamente e tivemos dificuldades em cobrir a bola. Com a qualidade dos seus jogadores na tomada de decisão, criou-nos muita instabilidade. Só aos 25 ou 30 minutos conseguimos equilibrar o jogo, mas sem criar perigo.
Na segunda parte, alterámos o plano de jogo trabalhado durante a semana. Quisemos pôr em prática um ‘plano B’. O FC Porto deixou de ter tanta bola. Marcou um grande golo pelo Sérgio Oliveira, mas não teve grandes oportunidades. Nós criámos uma, do Pedro [Marques], e tivemos um remate do Lucas [Mineiro], mas é manifestamente pouco para quem foi à procura do resultado. Aquele segundo golo colocou a minha equipa animicamente fraca. Mas há que salientar que a minha equipa não perdeu o equilíbrio. Não foi forte o suficiente para reentrar no jogo, mas manteve-se serena. A vitória do FC Porto foi justa. Foi melhor. A nossa ‘guerra’ [na I Liga] é outra.
Na primeira parte, faltou-nos ter mais bola para que o FC Porto não fosse tão agressivo ofensivamente. Na segunda parte, tivemos mais bola e mais cantos, mas o FC porto não nos concedeu tantas oportunidades para entrarmos no jogo.
O FC Porto é uma equipa muito pressionante, que reage rapidamente à perda de bola e joga com imensa vertigem assim que a ganha. Preparámos a equipa para juntar as linhas e impedir o jogo interior. O controlo de profundidade não foi assim tão eficaz, não pela má organização da minha equipa, mas pela velocidade do FC Porto. O FC Porto teve situações para fazer o 2-0 na primeira parte. Na segunda parte, retirámos a bola ao FC Porto, mas deveríamos tê-lo feito mais cedo.
O Pedro Marques [reforço de ‘inverno’ que foi hoje titular] está a trabalhar connosco já há algum tempo. Trabalha muito bem e é um excelente profissional. Fez um excelente jogo, mas não gosto de individualizar, porque isto é um desporto coletivo”.
Sérgio Conceição (treinador do FC Porto): “Estávamos preparados para as duas formas [de jogar] do Gil: o sistema 4x3x3, que normalmente apresenta uma linha de cinco [jogadores] atrás, outra de quatro no meio e um avançado na frente. Apareceram nessa forma mais ‘conservadora’. Mas era mais importante o que deveríamos fazer no jogo e mostrar a nossa identidade, que não tem nada a ver com a primeira parte do jogo passado [derrota por 3-2, com o Sporting de Braga].
Estivemos iguais a nós próprios, com uma circulação rápida, não só na largura, mas também a atacar as ‘costas’ da defesa adversária. Por dentro, era muito difícil atacar. Fizemo-lo bem, com entusiasmo, alegria e prazer no jogo. Poderíamos claramente ter feito mais do que um golo. O Denis foi claramente o melhor jogador em campo na primeira parte.
Na segunda parte, houve uma reação normal do Gil Vicente, sem grande perigo, e fizemos o segundo golo. A partir daí, estivemos sempre mais perto do terceiro golo. Fizemos uma exibição sólida.
Jogar ‘à Porto’ é jogar segundo princípios que, para mim, são básicos no futebol: passam por ser ambicioso, determinado, ter um espírito de sacrifício grande e estar ligado ao jogo. Mas isso é o que todos os treinadores pedem. Tem muito a ver com a forma como se passa a mensagem. No jogo anterior, não conseguimos [expressar esses princípios]. Pena ser um jogo que nos dava um acesso a uma final [da Taça de Portugal]. Fizemos algum trabalho extra [depois desse jogo], mas essa é a nossa vida.
Preocupava-me mais se não conseguíssemos criar [oportunidades], tal como na primeira parte com o Braga. Se fiquei satisfeito no jogo com o Sporting [0-0, para a I Liga], ao não permitirmos oportunidades ao ‘rival’ e ao criarmos quatro ou cinco ocasiões claras que nos deveriam ter dado a vitória. Hoje tivemos isso, mas não fomos eficazes em termos ofensivos.
É impossível preparar dois jogos ao mesmo tempo [a propósito do próximo jogo, com os italianos da Juventus, para a segunda mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões]. Arriscamo-nos a não ganhar nem um nem outro.
Não sabemos [se poderemos contar com Pepe e Corona para o jogo da Liga dos Campeões]. O Corona tinha muitas dificuldades na visão [ao intervalo] e o Pepe tinha um problema no gémeo. Estão em dúvida, principalmente o Pepe”.