
José Maria Ferreira – Diretor do jornal N Semanário
Esta semana não evitei voltar a sentir vergonha alheia, ao assistir a mais uma apresentação gastronómica pela Câmara Municipal de Esposende. É certo que vou ouvindo regularmente os funcionários apelidar Benjamim Pereira de «chefe». Mas com franqueza nunca pensei que a ideia fosse fazer da autarquia um restaurante.
É uma tristeza o que se está a passar. É uma tristeza a pequenez intelectual com que se tratam os assuntos. É uma tristeza verificar constantemente que o horizonte desta gente se esgota mesmo antes de começar.
O país vive desde março uma situação atípica, que já custou cerca de 200 mil empregos e que irá custar milhares de falências ao tecido empresarial português. Uma crise extensível a todo o mundo, numa luta que demorará anos a travar e onde ninguém sabe quando, e se, iremos recuperar na totalidade.
Vemos diariamente entrevistas e reportagens acerca da fome que se vive, das dificuldades para fazer face às despesas mais básicas. Isabel Jonet tem insistentemente alertado a existência de milhares de «novos pobres», gente que até há poucos dias vivia sem dificuldade.
Esta gente gasta mais uma vez milhares de euros a criar um prato para o concelho, como se fosse solução para os problemas atuais, após o recorde mundial, e que certamente nunca será batido, de terem criado o Polvo mais caro da história da humanidade, e que a quase totalidade dos esposendenses nunca teve oportunidade para provar (quanto mais os de fora).
Agora é o Robalo. Não sei qual é a ideia destes pensadores políticos de quinta categoria, mas vou informar António Costa que talvez a solução para o défice seja um «Sarrabulho» ou um «Leitão à Bairrada». Mas uma coisa sei, o Robalo é, com toda a certeza, a solução para todos aqueles que, por terem fome, desesperam por uma sopa. Olho para o nosso concelho e não entendo como se gastam centenas de milhares de euros em polvos e robalos, com tanta coisa por fazer. No mínimo é falta de vergonha.
O país está mergulhado numa crise económica sem precedentes. Já toda a gente percebeu que este ano o turismo não tem solução possível. O país e o mundo desesperam por soluções. E por cá, Benjamim Pereira trata o concelho como se fosse o quintal lá de casa. Se calhar esta ideia brilhante até já foi testada no célebre convívio com mais de 100 pessoas em tempo de pandemia. E, aparentemente todos poderão pagar o Robalo. O problema é que Esposende não são apenas 100 pessoas.
Portanto, após o sucesso do Polvo, temos o Robalo, mas que se for à imagem de quem nos governa, será um Robalo muito, mas muito pequenino.
Nota: Mais uma vez a Câmara de Esposende esqueceu-se de dar conhecimento das suas atividades a este jornal. Algo que já se tornou normal e que já está devidamente denunciado às autoridades competentes. Mas não é por isso que deixaremos de fazer o nosso trabalho. O N Semanário tem 10 anos de existência, está registado na Entidade Reguladora para a Comunicação sob o nº 126308 e como Empresa Jornalistica n.º 223993. Foi vitima de inúmeros processos judiciais por parte destes ditadorzecos de vão de escada, tendo vencido todos. Esposende sabe que pode contar connosco.